O relacionamento entre grandes varejistas e seus fornecedores é repleto de negociação e pode carregar tensão. Com a tendência de atitudes corporativas em favor à sustentabilidade, tem-se tornado comum a exigência, por parte dos grandes varejistas, que seus fornecedores adotem medidas mais sustentáveis na sua cadeia produtiva. Frequentemente os grandes varejistas são responsáveis pela vazão de grande parte do volume de produtos dos fornecedores e estes não têm escolha, se não atender às exigências. Ao contrário do senso comum de que medidas sustentáveis são benéficas, uma recente pesquisa mostrou que essa dependência pode gerar resultados positivos ou negativos aos fornecedores. Isso porque as mudanças na cadeia produtiva podem gerar redução de custos e desperdícios e impactar a imagem positivamente, mas também onera os fornecedores com custos elevados e sem previsão de recuperação. A pesquisa, que estudou o impacto de medidas compulsórias de sustentabilidade no valor das ações dos fornecedores, verificou que 64% dos fornecedores desses grandes varejistas são prejudicados por essas medidas. As condições que favorecem o resultado negativo são: (i) fornecedor já possuir uma reputação sustentável; (ii) altos custos envolvidos nas mudanças; (iii) mudanças radicais pelo varejista, e; (iv) varejista corresponder a um grande volume de vendas do fornecedor.

Por Bruna Costa

GIELENS, K. et al. The New Regulator in Town: The Effect of Walmart’s Sustainability Mandate on Supplier Shareholder Value. Journal of Marketing, v. 82, n. 2, p. 121–141, 2018.