Quando o consumidor vai tomar uma decisão de longo prazo, como assumir um financiamento para comprar uma casa, a decisão não é completamente racional. Sabe-se, por exemplo, que diferentes pessoas tendem a valorizar de forma diferente incentivos de curto prazo (um desconto nas primeiras prestações) e de longo prazo (parcelas com valor decrescente). Financeiramente, a melhor decisão é aquela que favorece o futuro, portanto, quem valoriza incentivos de curto prazo tende a ter uma vida financeira menos próspera que os outros. A novidade é que existem dois tipos de pessoas que pensam no curto prazo. O tipo 1 é daquelas pessoas que não conseguem pensar em nenhum benefício que não seja no presente. Essas pessoas sempre escolherão um benefício no presente em relação ao futuro (mas elas saberiam escolher corretamente entre 2 opções que ocorrem no futuro). O tipo 2 é o das pessoas que escolhem o benefício presente por darem muito pouco importância ao futuro. Para esse tipo de pessoa um benefício futuro é praticamente inexistente (e quanto mais no futuro, pior). Com a descoberta atual é possível prever que, embora os dois tipos de pessoa tomem decisões ruins, o primeiro tipo se mantém mais fortemente nessa decisão. Isso quer dizer que pessoas do tipo 1 tendem a fazer um financiamento com maiores custos futuros e não abandoná-lo, enquanto pessoas do tipo 2 tendem a deixá-lo quando percebem que o benefício diminuiu (ou acabou). Portanto, os gerentes de bancos devem ficar atentos: pessoas do tipo 2 são mais propensas à inadimplência em um contrato de financiamento.

Fonte: Stephen A. Atlas, Eric J. Johnson, and John W. Payne (2017) Time Preferences and Mortgage Choice. Journal of Marketing Research: June 2017, Vol. 54, No. 3, pp. 415-429.